16/03/2010

Problemas com a transferência do ficheiro sobre Stuart Mill e Kant

Caros alunos, o ficheiro com o powerpoint funciona, mas têm que aguardar que carregue ou então têm que fazer o download do mesmo.
Bom estudo!

Em que reside o valor moral das acções para Kant?

«O valor moral da acção não reside, portanto, no efeito que dela se espera; também não reside em qualquer princípio da acção que precise de pedir o seu móbil a este efeito esperado. Pois todos estes efeitos (a amenidade da nossa situação, e mesmo o fomento da felicidade alheia) podiam também ser alcançados por outras causas, e não se precisava portanto para tal da vontade de um ser racional, na qual vontade, -e só nela -se pode encontrar o bem supremo e incondicionado. Por conseguinte, nada senão a representação da lei em si mesma, que em verdade só no ser racional se realiza, enquanto é ela, e não o esperado efeito, que determina a vontade, pode constituir o bem excelente a que chamamos moral, o qual se encontra já presente na própria pessoa que age segundo esta lei, mas não se deve esperar somente do efeito da acção.»
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, pp. 31.

A diferença entre imperativos hipotéticos e imperativo categórico

«Grande parte da nossa conduta é governada por «deveres». O padrão é: temos um determinado desejo (ser jogadores de xadrez melhores, ir para a faculdade de Direito); reconhecemos que um certo percurso nos ajudará a obter o que desejamos (estudar os jogos de Kasparov, fazer a inscrição para os exames de acesso); e por isso concluímos que devemos seguir o plano indicado. Kant chamou a isto «imperativos hipotéticos» porque nos dizem o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes. Uma pessoa que não quisesse melhorar o seu jogo de xadrez não teria qualquer razão para estudar os jogos de Kasparov; alguém que não quisesse ir para a faculdade de Direito não teria qualquer razão para fazer os exames de admissão. Uma vez que a força de obrigatoriedade do «dever» depende de termos ou não o desejo relevante, podemos escapar à sua força renunciando simplesmente ao desejo. Assim, se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito, podemos escapar à obrigação de fazer o exame.
Pelo contrário, as obrigações morais não dependem de desejos específicos que possamos ter. A forma de uma obrigação moral não é «Se queremos isto ou aquilo, então devemos fazer isto e aquilo». Os requisitos morais são, ao invés, categ6ricos: têm a forma, «Deves fazer isto e aquilo, sem mais». A regra moral não é, por exemplo, que devemos ajudar as pessoas se nos importamos com elas ou se temos outro objectivo que possamos alcançar ao auxiliá-las. A regra é, pelo contrário, que devemos ser prestáveis para as pessoas independentemente dos nossos desejos e necessidades particulares. É por isso que, ao contrário dos «deveres» hipotéticos, não se pode evitar as exigências morais dizendo, simplesmente, «mas isso não me interessa».
Os «deveres» hipotéticos são fáceis de entender. Exigem apenas que adoptemos os meios necessários para alcançar os fins que procuramos. Por outro lado, os «deveres» categóricos são misteriosos. Como podemos estar obrigados a comportar-nos de uma certa maneira independentemente dos fins que queremos atingir? (…) Kant defende que, assim como os «deveres» hipotéticos são possíveis porque temos desejos, os «deves» categóricos são possíveis porque temos razão. Os «deveres» categóricos são obrigatórios para os agentes racionais simplesmente porque são racionais. Como pode isto ser? Porque, afirma Kant, os deveres categóricos derivam de um princípio que todos os seres racionais têm de aceitar. Kant chama a este princípio «imperativo categórico». (…)

Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que se torne lei universal.

Este princípio resume um procedimento para decidir se um acto é moralmente permissível. Quando estamos a ponderar fazer uma determinada acção, temos de:
1º Perguntar que regra estaríamos a seguir se realizássemos essa acção. (Esta será a «máxima» do acto.)
2º Depois, temos de perguntar se estaríamos dispostos a que essa regra fosse seguida por todos e em todas as situações. (Isso transformá-la-ia numa «lei universal», no sentido relevante.) A ser assim, a regra pode ser seguida, e o acto é permissível. No entanto, se não queremos que todas as pessoas obedeçam à regra, então não podemos seguir a regra, e o acto é moralmente proibido.

Kant dá vários exemplos para explicar como isto funciona. Suponhamos, diz Kant, que um homem precisa de pedir dinheiro emprestado, e sabe que ninguém lho emprestará a menos que prometa devolvê-lo. Mas ele sabe igualmente que será incapaz de o devolver. Enfrenta, pois, este problema: deverá prometer pagar a dívida, sabendo que não pode fazê-lo, de maneira a persuadir alguém a conceder-lhe o empréstimo? Se fizesse isso, a «máxima do acto» (a regra que estaria a seguir) seria: Sempre que precisares de um empréstimo, promete pagá-lo, independentemente de pensares ou não que podes de facto pagá-lo.
Vejamos; poderia esta regra tomar-se uma lei universal? É óbvio que não, porque se derrotaria a si,mesma. Uma vez transformada em prática universal, ninguém mais acreditaria em tais promessas, e por isso ninguém faria empréstimos. Nas palavras do próprio Kant, «ninguém acreditaria no que lhe fosse prometido, limitando-se a rir perante tal asserção por ser vão fingimento».
Outro dos exemplos de Kant tem que ver com o exercício da caridade. Imaginemos, diz Kant, que alguém recusa auxiliar os necessitados, dizendo para si: «Que tenho eu a ver com isso? Deixemos cada um ser feliz como os céus desejam, ou como cada um consegue por si. Nada tirarei nem invejarei ao próximo; mas não tenho qualquer desejo de contribuir para a sua riqueza ou para o seu auxílio quando disso tenha necessidade.» Trata-se, uma vez mais, de uma regra que não podemos querer ver transformada em lei universal. Pois algures, no futuro, esse próprio homem precisará da assistência dos outros, e não quererá que
os outros sejam indiferentes ao seu problema.»
J. Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Lisboa, Gradiva, pp. 176-179
(adaptado)

O que significa "ser pessoa"?

«Ora digo eu: - O homem e, de uma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas acções, tanto nas que se dirigem a ele mesmo, como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como fim. Todos os objectos para que nos inclinamos têm somente um valor condicional, pois sem as inclinações e as necessidades, seriam desprovidos de valor. (…)
Os seres cuja existência depende, não em verdade da nossa vontade, mas da natureza, têm contudo, se são seres irracionais, apenas um valor relativo como meios e por isso se chamam coisas, ao passo que os seres racionais se chamam pessoas, porque a sua natureza os distingue já como fins em si mesmos, quer dizer, como algo que não pode ser empregado como simples meio (…).
O homem não é uma coisa: não é portanto um objecto que possa ser utilizado simplesmente como um meio, mas, pelo contrário, deve ser considerado sempre, em todas as suas acções como um fim em si mesmo.»
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, p. 68

09/03/2010

Citação de Kant para reflectir...

"Duas coisas enchem a minha mente de espanto e respeito:
o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim." Kant


Kant e o conceito de boa vontade...para reflectir



Texto de Stuart Mill - está no manual, pág 206

Frases para reflectir...


"É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito." 
                                                                    Stuart Mill, Utilitarismo

A fundamentação da moral: utilitarismo de Stuart Mill e teoria deontológica de I. Kant


Clique aqui para fazer o download do ficheiro apresentado na aula:
https://docs.google.com/fileview?id=0B7yHPIYu4ZPTMzU2NDgxNzItMmMyYi00NzdjLWJiM2UtY2I3OWRkZGZkOWNj&hl=pt_PT

De que trata a ética ou a filosofia moral?


«Se há alguma área da filosofia que possa afirmar ser prática, é a filosofia moral ou ética. Esta aborda alguns dos assuntos mais delicados e controversos da vida. Mas, embora os filósofos se tenham preocupado em descobrir como devemos viver, a filosofia moral é mais uma tentativa de pensar de forma crítica acerca do correcto e do incorrecto, do bem e do mal, dos critérios para estabelecermos as diferenças entre as boas e as más acções.» 
Stephen Law (adaptado)

De que trata a ética? Imagens para reflectir...

The life of David Gayle - inocente ou culpado?


Ver trailer aqui:

Alguns comentários filosóficos sobre o filme (espreitar sobretudo o primeiro e depois, se acharem interessante, vejam os outros):

  1. http://cinefilosofia.com.sapo.pt/artigos/conteudo/DavidGale.htm
  2. http://cinefilosofia.com.sapo.pt/artigos/conteudo/oqueeuqueroserquandoforgrande.htm
  3. http://cinefilosofia.com.sapo.pt/artigos/conteudo/o%20que%20devemos%20ser%20qdo%20fil.htm