30/05/2010

A paz mundial e o diálogo inter-religioso:


o   Ecumenismo: processo de busca da unidade; esforços para unificar as Igrejas cristãs, as religiões em geral e a humanidade; tentativa de superação das divisões e das diferenças.
o   «Em última análise, o objectivo da religião é desenvolver o amor, a compaixão, a tolerância, a humildade e o perdão (…) Se não implementarmos estas qualidades na nossa vida diária, o facto de sermos pertencentes fervorosos da nossa religião será estéril.» Dalai Lama
o   Somos responsáveis por aquilo que fazemos com o nosso futuro e por aquilo que deixamos às gerações vindouras… «Age de tal maneira que os efeitos da tua acção não sejam destruidores da futura possibilidade da vida humana sobre a Terra.»  Hans Jonas
o    «As religiões são caminhos de Deus para o homem e do homem para Deus. Os caminhos são muitos, e todos, desde que sejam a favor do homem, levam a Deus. As religiões são relativas no duplo sentido de relativo: condicionadas histórico-culturalmente e referidas ao Absoluto. São mediações, e só na plenitude de consumação da história se manifestará a verdade toda. Entretanto, enquanto não chega a plenitude, impõe-se o respeito mútuo, o diálogo sincero e, sobretudo, o combate comum pela dignidade, pela justiça e pela paz a favor de todos os homens que são irmãos. É uma vergonha para a humanidade e para as religiões que os homens continuem a matar--se em nome de Deus.» Anselmo Borges
o   «Há que romper a vinculação entre religião e violência, a legitimação da morte em nome de Deus. (...) O zelo por Deus não pode tornar-se em maldição para o homem, como frequentemente acontece com as pessoas religiosas. Por isso caem na cilada de, em nome de Deus, perseguir os homens que deveriam libertar -tal como ocorre com as guerras santas, cruzadas e inquisições que mostram a enorme capacidade destrutiva da religião. A preocupação pela glória de Deus por parte dos fiéis e piedosos converte-se, assim, em maldição para o homem: o infiel, o pagão ou o herege. É preferível não praticar a religião e amar o ser humano do que o inverso. Por isso o Holocausto é o anti-Deus. Há que preferir o ateu comprometido com o ser humano ao homem religioso não solidário com o próximo.» J. A. Estrada

O que é ser tolerante?



1.      O que é ser tolerante?
§  Etimologicamente, a palavra tem ligações com dois verbos em Latim:

Tollere
Tollerare

  Foi esta a conotação que mais se vulgarizou.          
Logo, a tolerância é vulgarmente entendida como estando relacionada com o acto de suportar algo de forma paciente e passiva

Significa levantar, educar, levar

+ activo
Significa suportar, manter, aliviar

+ passivo

No entanto, talvez seja mais enriquecedor entender a tolerância como um processo activo que se baseia no diálogo, no respeito e nos princípios da liberdade, igualdade e reciprocidade, visando a obtenção de um consenso.
§  Ser tolerante …
Não é…
É…
§  ser indiferente
§  ser relativista
§  aguentar/suportar algo que consideramos mau ou errado (por exemplo, tolerar um insulto)
§  ser fraco intelectualmente
§  ser condescendente
§  ser superior
§  renunciar  às nossas convicções
§  ser céptico
§  ter a disposição para admitir nos outros uma maneira de ser, agir e pensar diferente da nossa, especialmente em questões morais e religiosas
§  considerar que o facto de os outros professarem uma fé diferente não significa que eles sejam inferiores
§  ter respeito pelos outros
§  reconhecer que o facto de sermos seres humanos está acima de todas as diferenças
§  uma posição que nasce da reflexão e da admissão de valores universais como a dignidade humana

§  Ser tolerante é o oposto de ser fundamentalista.
§  Fundamentalismo: movimentos ou grupos extremistas e fanáticos que surgem no seio de uma religião.
§  Os fundamentalistas…
o   consideram que, no plano religioso, há uma única verdade suprema e absoluta.
o   recusam que os outros credos religiosos possam contribuir, de alguma forma, para a verdade.
o   consideram que as outras religiões são falsas, perversas, indignas e intoleráveis.
o   consideram que é na tradição é que está a verdade, sendo esta imutável
o   anseiam por um retorno a essa tradição, um recuperar de todos os fundamentos da sua religião, tal como eles estão descritos nos textos sagrados.
o   rejeitam os valores do mundo moderno e as ideias da ciência.
o   defendem Estados Teocráticos.
o   dizem não ao diálogo inter-religioso

A dupla dimensão da experiência religiosa


«Se ao abordarmos a experiência religiosa nos perguntarmos, por exemplo, o que é que experimenta um japonês, em viagem pela Europa, no interior de Portugal, face à religião cristã ali dominante, sem dúvida que teremos de enumerar muitas coisas. Verá um país marcado pelo Cristianismo: igrejas com torres que se destacam no conjunto das aldeias, mosteiros enormes, capelas, cemitérios cheios de cruzes [...]. Tropeçará com procissões e com pessoas que enfeitam os túmulos com flores, que acendem velas diante de estátuas e quadros; verá igualmente como as pessoas se reúnem nas igrejas em determinados dias. Ali encontrará homens que se distinguem dos restantes pelas vestes. Escutará leituras, orações e cânticos,  cheirará o perfume do incenso queimado. Numa palavra, perceberá a religião como algo que se pode ver, ouvir, ar e cheirar. A religião é uma realidade que se incarna em edifícios e objectos, na actuação individual e social bem como em manifestações de carácter artístico e cultural.
Contudo, esta descrição externa não é suficiente para compreender aquilo de que aqui se trata. Porque não é possível descobrir, de modo algum, essas actividades externas como manifestações religiosas sem ter em conta o sentimento interior que leva os homens a esse comportamento sem apreender, por sua vez, a motivação de tal actividade e a sua importância para as pessoas que as executam, ainda que isso só seja possível de uma maneira indirecta. A religião externamente perceptível é essencial para que se possa considerar como "expressão", "manifestação de algo mais”. Toda a actividade religiosa exterior é sustentada por uma determinada disposição interior. Assim, a religião tem uma dimensão externa objectiva, e outra, subjectiva e interior. Esta última representa uma atitude humana existencial, com a qual se afirma a relação e a dependência face a uma realidade divina supra-humana, supra-sensível e supramundana com todas as suas consequências para a própria vida.»
Josef Schmitz, Filosofia de Ia Religión, pp. 39-40

14/05/2010

Dimensões pessoal/individual e social da religião


«A dimensão individual da religião diz respeito ao modo como o ser humano vive, no seu íntimo, a relação com o Sagrado. A dimensão social significa que a religião não se reduz a uma vivência emotiva. Manifesta-se em doutrinas, em textos sagrados e em diversos rituais, cerimónias e festas.»Einstein