- Tal como temos vindo a fazer nos temas anteriores, a abordagem da temática da religião será feita, não com o objectivo de dar uma resposta taxativa para as questões mas sobretudo, de modo a que todos possamos reflectir mais conscientemente sobre as crenças que naturalmente já possuímos.
- Quando falamos de religião, é inevitável falar na sua:
o Universalidade
§ A maioria dos autores defende que a religião é um fenómeno universal, ou seja, onde quer que haja uma sociedade humana, há a tendência para a experiência religiosa.
§ Mas por que razão o homem é, na sua generalidade, um ser religioso?
· A religião surge como necessidade de explicar fenómenos inexplicáveis
· A religião como fonte de regras e normas sociais – como forma de legitimar a ordem e a harmonia sociais (nas sociedades laicas, esta razão é já obsoleta, mas nas sociedades em que ainda não há uma separação entre a Igreja e o Estado, este aspecto é ainda hoje em dia muito pertinente)
· A religião como forma de superar as nossas limitações
o Homem como ser limitado naquilo que faz, naquilo que sabe, naquilo que é
o A vida confronta-nos com situações-limite, as quais não podemos transpor, alterar (morte, sofrimento, acaso, culpa, etc). Muitas vezes, quando o ser humano se vê confrontado com estas situações, com a sua finitude e contingência, fragilidade e precariedade da sua existência, então dá-se uma abertura a um novo tipo de experiência que intenta dar um sentido a essas situações limite, torná-las suportáveis, dá-se aí uma abertura à transcendência.
o Diversidade
§ Se é verdade que a religião é um fenómeno universal, também não podemos negar que é um fenómeno multiforme, cheio de diversidade.
§ O que é que as religiões têm em comum?
· Etimologia da palavra:
o relegere – prestar culto, homenagem
o religare – religar, tornar a juntar
o As religiões têm em comum a ideia de sagrado (≠ profano)/transcendência (≠imanência)
· Sagrado - algo que merece veneração ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com coisas divinas
· Ao fenómeno pelo qual o sagrado, a transcendência se manifesta no mundo quotidiano, chamamos de hierofania (conceito paradoxal, contraditório: numa hierofania, o objecto considerado sagrado é, ao mesmo tempo, um objecto normal e não o é, aos olhos de um crente).
· Qualquer religião é composta por:
o uma dimensão pessoal, que diz respeito ao indivíduo em particular, à sua própria experiência intima e compromissos individuais; é assim, vivida de forma diferente por cada um dos indivíduos (ref. à experiência mística – relação directa com o sagrado; de acordo com alguns autores estas experiências são o que está na origem da religião)
· uma dimensão social que se reflecte:
o num conjunto de crenças partilhadas, num culto – manifestações sociais de celebração da fé
num conjunto de normas e regras, numa organização/instituição
Para que serve a dimensão social da religião?
· para assegurar estabilidade
· para garantir a identidade da religião; as fontes da religião são as mesmas (textos sagrados, dogmas básicos, mitos, crenças)
· para regular a vida moral dos crentes
· Muitos autores consideram que a religião é o elemento aglutinador de uma sociedade, cultura ou civilização.
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